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É Preciso Pensar Para Além do Movimento Estudantil

quarta-feira, 23 de maio de 2012 | Neyl Santos

 "Criar uma organização de juventude de massas". Este parece ser o sonho de muitos militantes e dirigentes juvenis. Organizações já existentes se propõe a isso. Mas de uma forma ou de outra, sempre acabam "esbarrando" no Movimento Estudantil (ME).
 Antes de continuar, quero deixar claro que reconheço a importância histórica que o ME tem no Brasil e no mundo, e afirmar que comecei minha militância no movimento secundarista. Comecei, mas só continuo na luta porque encontrei um sentido pra isso bem longe do ME.

 Esclarecido estes pontos, podemos continuar.

 O problema em um movimento de massas ter como berço as universidades, começa com uma questão logica: Apenas 14% dos jovens do país está na universidade. Os DAs e DCEs da vida, quase em sua totalidade resume suas atividades aos limites dos muros das universidades.

 O acesso ao ensino superior em nosso país ainda é uma piada. As universidades públicas estão cheias de pessoas que durante toda a vida puderam pagar colégios particulares, enquanto que os filhos da classe trabalhadora quando quer fazer um curso superior tem que se matar pra pagar a faculdade privada onde o ME não existe.

 O problema citado a cima é mais grave se percebemos que com raras exceções, os militantes forjados nas universidades, em no máximo quatro anos abandona tudo para "cuidar da vida" (ou antes, se não souber conciliar e começar a reprovar muitas cadeiras). Os Jovens pobres que estão nas universidades publicas não fazem ME, por vários motivos dentre os quais estão, a falta de tempo que é resultado da necessidade de trabalhar enquanto estuda, o medo de repedir cadeiras, a dificuldade nos custos... Os militantes forjados no movimento universitário, são em sua maioria, militantes de classe média, e acredito que apenas o pobre e aqueles que fizerem uma opção de classe radical, serão responsáveis pela libertação do povo.

 Ainda existe e muito presente o pensamento de que os jovens de hoje não querem nada com a vida, e que está difícil organizar a juventude. Mas se olharmos atentamente para nossos jovens, veremos que eles estão se organizando mais do que nunca! Seja em partidos políticos, em grupos culturais, de teatro, bandas, seja para jogar dominó, andar de skate, pra vestir de calças coloridas... O que falta portanto, é uma organização que abra mão do papel de vanguarda da revolução, e se proponha a ser "Fermento na massa" (como a militância católica diz). É preciso estar onde os jovens verdadeiramente estão, dialogando na língua deles, trabalhando a partir da realidade concreta. Já diria Frei Betto, "Militante que se afasta do povo começa a se corromper... é o militonto".

 Afinal de contas, o que impede um grupo de capoeira por exemplo, discutir juventude e o papel dos jovens na construção de um novo mundo? O que falta são espaços pra que isso aconteça.

 Mesmo que nos documentos já existam alguns avanços, continuamos  perdidos, pensando em juventude quando falamos de Movimento Estudantil. Fazendo com que o primeiro critério para ser um militante seja o vestibular pelo qual 86% dos jovens não passaram.

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