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Minha espiritualidade

| Neyl Santos


Espiritualidade e Mística do Meio Popular


“É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca”
Dom Hélder Câmara



Na Pastoral da Juventude do Meio Popular, como em outros segmentos que tem como princípio base a Teologia da Libertação, a mística é uma forma de manifestação da espiritualidade, onde se apresentam vários elementos que a incorporam, tais como: religiosidade popular, natureza, corporeidade e afetividade.


Leonardo Boff bem lembra que a espiritualidade significa cultivar um lado do ser humano: seu espírito, pela meditação, pela interiorização, pelo encontro consigo mesmo com Deus. A mística, então, se apresenta ai como o elemento fundamental para que essa espiritualidade nasça e se estabeleça para uma proposta coletiva, da partilha, da comunhão dos empobrecidos em busca da verdadeira lição de luta, de solidariedade, deixada por Jesus Cristo. Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, fortalece ainda o que foi dito: pode-se viver a mística-espiritualidade em dois sentidos, a saber: a) de forma personalizada, consciente e livre, que abranja todas as dimensões do ser da pessoa humana (alma e corpo, pensamento e vontade, sexo e fantasia, palavra e ação, interioridade e comunicação, contemplação e luta, gratuidade e compromisso), pois cada pessoa a vive de forma única; b) de forma encarnada na história, hoje e aqui, na América Latina e nas comunidades, com suas dores e alegrias.

Um marco forte e presente na Mística do Meio Popular são os quatro elementos, que não são somente símbolos ou conceitos abstratos, mas refere-se às forças vitais da natureza, da vida, que se apresentam em toda a criação e que podem ser percebidas pelo sentido físico, na manifestação da fé. O fogo que nos aquece, que nos ilumina, a água que mata a nossa sede, nos purifica, o ar, que enche nossos pulmões e faz com que gritemos, com que busquemos vida e a terra que nos traz o alimento, o pão. Pensar em mística é se aproximar dos elementos de Deus, que já estão aqui perto de nós e nesse aproximar-se não há como negar as mazelas, da corrupção, da miséria, dos homicídios da nossa realialidade. A mística do meio popular é carregada de uma espiritualidade da mudança, da reinvidicação, que busca a não alienação dos e das jovens comprometidos e não comprometidos com as lutas populares.

Quando no hino da PJMP dizemos que “pelos campos, cidades e vilas, no trabalho ou então desempregados, nas caatingas, nas fábricas e nas filas” queremos dizer que a nossa espiritualidade permanece e persiste com a nossa mística em todos esses cantos, é dizer que na fartura ou na fome não nos renderemos, é a lição do ver-julgar-agir-celebrar-festejar é o compromisso nosso com Jesus Cristo, com o Cristo que não morreu de gripe, de tuberculose, mas que morreu defendendo seus princípios e denunciando o sistema opressor.


Amém, Axé, Awerê, Aleluia, Oxente!


Autor: André Fidelis – PJMP Recife PE

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