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A Saúde de Eduardo e a do Meu Pai

domingo, 24 de novembro de 2013 | Neyl Santos

Um texto que não gostaria de escrever

 A Saúde de Eduardo e a do meu pai

Dentro do estado que tem um modelo de gestão, onde não existem problemas e a administração vai de vento em popa, dentro de um sistema que diz que a saúde publica melhorou graças as UPA’s e à criação de novos hospitais. Dentro do paraíso, do mundo de oz do senhor Eduardo Campos, meu pai encontra-se num inferno.
Vitima de acidente de transito na noite da ultima sexta-feira, meu pai foi removido da UPA de Olinda para o Hospital Getulio Vargas aonde chegou por volta da meia noite, em um taxi, porque não tinha nem previsão de uma ambulância para fazer a transferência. Com uma fratura na clavícula e algo no pé esquerdo que não foi diagnosticado na UPA e que até agora, POR NÃO TER UM MÉDICO no HGV que possa o atender, ainda não se sabe o que é.
Até enquanto escrevo estas linhas, às 8h do domingo, meu pai só foi visto uma vez, às 4h da manhã do sábado. Nem um mísero comprimido para dor ao meu pai foi dado. Está esperando uma cirurgia prevista para duas semanas, um absurdo! Ao menos a dieta está sendo cumprida rigidamente: um pão com ovo de manhã e um pão com ovo de noite. Água? Nem isso. Meu pai tem 49 anos de idade e a ele não é dado o direito de estar com acompanhantes. No entanto, minha mãe conseguiu, depois de implorar aos prantos à assistente social, dormir as duas noites lá, sentada numa cadeira, cedida por outra acompanhante. Não existem lençóis para minimamente aquecer os pacientes na fria emergência. Os banheiros são impraticáveis, não existem nem descargas nos vasos. UMA SITUAÇÃO HUMILHANTE a qual, nenhum ser humano deveria ser submetido, mas que infelizmente é regra em nosso estado.
                Já não sabemos o que fazer a quem além de Deus recorrer, estamos desesperados com a situação de meu pai, e como ele que nunca passou por uma situação como esta, está enfrentando tudo isto. Nas vésperas das bodas de prata, minha mãe disse ter visto meu pai chorar pela primeira vez ontem, quando ganhou de uma paciente ao lado, meio pacote de biscoito.
Só queríamos que meu pai, tivesse o atendimento que o governador do estado diz dá aos pacientes em seus hospitais. Só queríamos que a saúde do meu pai, fosse a mesma do Senhor Eduardo Campos. Que com certeza não passa fome, sede, frio e dor, enquanto espera pelo milagre de ser atendido.

Neyl Santos

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